A impunidade contribui para a
normalização da violência contra a mulher dentro do transporte coletivo.
Várias mulheres usam o transporte coletivo para se
deslocarem de um lugar para outro, e neste deslocamento, usando o ônibus
coletivo sofrem assédio sexual, de homens machistas que sabem que não
acontecerá nada se houver uma denúncia.
Diariamente vemos relatos de
mulheres, que passam por tal experiência, além do constrangimento muitas não
denunciam por saberem que nada irá acontecer ao meliante.
Segundo
pesquisa divulgada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em
abril de 2014, 26% dos brasileiros concordam com a afirmação de que “mulheres
que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Uma clara
demonstração de que o problema está longe de ser "só uma teoria".
“A
impunidade é algo pedagógico da normalidade. À medida que os casos públicos não
são punidos eles legitimam todos os outros”, como o caso do deputado federal
Jair Bolsonaro (PP) que foi condecorado com uma medalha em Mato Grosso do Sul
mesmo depois de afirmar que não estupraria a deputada federal Maria do Rosário
(PT) porque ela “não merece”. “É uma impunidade aplaudida”.
Uma senhora
de 42 anos que diariamente usa o transporte coletivo, relata que no caminho do
trabalho foi assediada por um rapaz de 20 anos, após sentar-se na poltrona
sentiu algo encostando nela, no inicio achou que seria algo natural do horário
de pico quando o ônibus está muito cheio, então resolveu olhar, e viu que o
rapaz estava com o pênis fora da roupa e encostado nela.
No momento
sentiu nojo e raiva, começou a xingar o rapaz e pediu para o motorista conduzir
o ônibus até a delegacia, o rapaz tentou fugir mas foi impedido por dona
Adelaide, ao chegar na delegacia, o rapaz foi ouvido pelo delegado, e foi
liberado antes mesmo da senhora Adelaide deixar a delegacia o rapaz já havia
sido liberado.
Dona
Adelaide sentiu-se desrespeitada, humilhada e com medo pois tinha a certeza que
o encontraria novamente no transporte coletivo, pois ela o usava todos os dias
para ir ao trabalho.
De acordo
com Andréa Cirineu, integrante da Marcha Mundial das Mulheres de Mato Grosso do
Sul, é justamente o medo que faz com que muitas mulheres deixem de denunciar os
assédio sexuais sofridos no transporte coletivo. Para ela além da precarização
do transporte e da superlotação, falta uma rede de proteção e profissionais
treinados para entender que a culpa nunca é da vítima.
Para a assistente
social Estela Márcia Rondina Scandola, da Escola de Saúde Pública de Mato
Grosso do Sul e da Rede Feminista de Saúde, o assédio no transporte coletivo e
em qualquer lugar não é um ato isolado.
“O machismo
não é uma ação isolada é uma forma de organização da sociedade em que se
estabeleceu que o ser humano tem poder sobre o corpo da mulher. Essa forma de
organização se coloca em diferentes âmbitos, inclusive dentro do ônibus”
explica. Por trás de cada apalpada “marota”, cantada de rua ou qualquer outra
forma de assédio e violência está lé o machismo cristalizado e encoberto.
Quando se
publica uma matéria culpando a mulher pelo assédio sexual ou quando
reproduzimos uma música com contexto de desrespeito a mulher, estamos
colaborando para a manutenção desse machismo.
Uma solução
para este problema tão grave e vergonhoso é a criação de leis mais duras contra
os agressores e uma proteção mais eficaz a favor das vítimas, campanhas e
programas de conscientização no transporte público, também é viável no combate
a este tipo de agressão.
O assédio
sexual dentro do transporte coletivo pode ser caracterizado como contravenção
ou estupro. O enquadramento é feito pela autoridade policial, por isso
necessidade de buscar orientação mesmo diante dos casos considerados simples.
As denúncias podem ser feitas através do número 180.
As mulheres
devem se unir cada vez mais contra este abuso dentro dos transportes coletivos
e os homens que praticam tal ato devem conscientizar-se que as mulheres não são
propriedades deles e merecem respeito, e aos demais homens cabe a todos
denunciarem e protegerem as mulheres contra esse tipo de ato tão humilhante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário